E eis que surge mais um jogo de interesses. Interesse
político por domínio de um terreno até então vulnerável. Quem não tem hábito de
leitura, ou a busca pela informação, deve estar se perguntando, que raio é esse
de Criméia que tanto falam? E por que os Estados Unidos estão envolvidos
novamente em um conflito internacional?
Pois bem, vamos tentar entender um pouco esta situação: A
Crimeia é uma república autônoma da Ucrânia que ocupa uma península no sul do
país. A Ucrânia por sua vez, é um ex-integrante da extinta União Soviética. Um
jovem país de pouco mais de 23 anos que antes disso sempre fizera parte de
alguma Nação ou Estado.
A região de população em sua
maioria de origem russa vive hoje uma crise de identidade nacional. A
desinteligência e desacordo começaram quando seu então presidente, Viktor
Yanukovich, se recusou a assinar o acordo de livre comércio com a União
Européia, o que deixou o lado ocidental do país insatisfeito. Isso agradou o
lado oriental onde a proximidade e tradição russa é mais presente.
Podemos nos perguntar, como que
algo aparentemente tão banal e insignificante, pode gerar crise, conflitos,
batalhas e mortes. Para analisar é necessário entender que a falta de uma nação
forte e unificada, acarreta em impasses e discordância de opiniões. A divisão
de pensamentos, embora possa causar uma discussão em prol da melhora, também
resulta em vulnerabilidade, o que atrai a atenção de potências estrangeiras que
estão sempre atentos a terrenos férteis e mal aproveitados.
E quem melhor do que a maior
potência mundial, para usar de seu poder e influência, e mostrar-se solidário e
apaziguador nos momentos de maior tensão.
Será? Mesmo após a vergonha da derrota no Vietnã, os Estados Unidos ainda
se metem, em pequenos conflitos localizados ao redor do mundo.
Coréias do Sul e Norte, Irã e
Iraque, Palestina e Israel, além de Cuba, Afeganistão, Síria, Líbia, e por ai
vai. Sempre estiveram lá, presentes com a bela bandeira americana tremulante,
demonstrando solidariedade, e boa vontade de colocar ordem na casa, de um país
desfavorecido e momentaneamente caótico. A busca por terrenos, favores e
petróleo, eram meros detalhes.
Mas agora o “adversário” é
maior, um gigante. A guerra fria está de volta, pois aquela que também já foi a
maior nação do mundo, está no páreo em busca de defender seus interesses.
Discursos, estratégias e até
algumas possíveis ameaças são disparadas. Esperamos que não ultrapassem esses
limites, pois a história ensinou a todos
que a guerra em sua capacidade máxima, significa o suicídio, o fim da vida como
conhecemos e nada vale tamanho sacrifício.
Agora, nos resta acompanhar o
desenrolar dessa situação. Enquanto a mídia tiver interesse em publicar algo
sobre o assunto, teremos informações e conhecimento para argumentar os fatos.
Quanto ao desfecho, ainda bem
que temos o Tio Sam do nosso lado, “defendendo nossos interesses”, “lutando por
uma causa justa e correta”, “buscando a harmonia global” e conseqüentemente, a
paz mundial. Bem que eles poderiam pagar minhas contas também...
O
melhor meio de os Estados Unidos combaterem o terrorismo é deixarem de ser um
dos principais terroristas do mundo.
Noam
Chomsky