segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Até quando?

Violenta, sangrenta, repleta de corpos dilacerados, moribundos, cadáveres. Parece até cena de arena romana onde gladiadores se matavam em nome do entretenimento publico, mas não. Essa descrição refere-se às ruas, as casas, as escolas, os hospitais, as igrejas, do local conhecido como a Faixa de Gaza.


Localizado em território palestino, entre Israel e Egito percorrendo o Mar Mediterrâneo, a Faixa de Gaza possui um histórico sangrento de batalhas. A principal desavença contém caráter religioso. Do lado oriental, muçulmanos adoradores de Alá e seguidores do Alcorão. Do outro lado, judeus e cristãos, seguidores de um mesmo Deus, apesar da diferença de costumes e tradições. 

A discórdia leva ao apelo dos instintos primitivos ocasionando uma guerra sem fim. É fato que os seres humanos não nascem maus. Essa “doença” é implantada em suas mentes caracterizando suas condutas. Em ambos os lados é comum incitar desde recém nascido à doutrina de odiar o rival que habita o outro flanco.


Os discursos invadem todos os cantos. Pessoas entendidas do assunto, pessoas que pensam que são entendidas do assunto. Gente que sente pena, porém ignora, gente que se sente aliviada por tudo se passar tão longe. Para agregar a distorção dos fatos, conceitos equivocados e sentenças clichês criadoras de estereótipos.

Muçulmanos insanos e terroristas, assassinos inescrupulosos que se fazem de mártir para eliminar o maior número de inimigos possíveis em troca de uma eternidade repleta de prazeres carnais, livres de sofrimentos. Judeus conservadores, muquiranas, com seu alto poder de combate ocidental. Recursos que vão do Krav Magá (técnica de combate israelense) a mísseis com tecnologia de ponta. Um brinde aos aliados americanos por essa graça.


Quem ganha e quem perde com isso? De dentro do furacão, do cenário de guerra, ninguém. Todos saem derrotados. Perdem suas casas, seus parentes, suas famílias, seus direitos, suas dignidades, suas vidas.  Os vencedores, os que lucram com sangue e destruição em massa, sequer tomam conhecimento do terror que se passa no inferno, que algum dia, pessoas chamaram de lar. Fornecedores de armas, governos e alguns líderes de pelotão enchem os bolsos. Os lucros de guerra em troca de sofrimento e morte de inocentes.

Depois que a embriaguez causada pela Copa do Mundo de futebol, disputada no Brasil acabou, as atenções voltaram aos acontecimentos ao redor do globo. Essa nova fase de ataques entre os eternos rivais preencheram o vazio deixado pelo evento futebolístico. O número alarmante de mais de 700 mortes em menos de uma semana fez com que o mundo atentasse mais uma vez a essa insanidade.


Por mais pseudos motivos que se tenha, nada justifica. Guerra é guerra. De fato muitos idealismos e questões culturais precisam ser revistas. O extremo conservadorismo e ações bárbaras do lado árabe contra seu próprio povo necessitam ponderações. Porém dizimar a todos não é a solução. O denominador comum se atinge com conhecimento, diálogo e aprendizado mútuo.

A história nos ensinou que culturas divergentes aprenderam com a interação e acima de tudo – paciência, para aprender com o outro. O mundo hoje demanda tanto imediatismo que se torna escasso, o tempo necessário para assimilar e habituar-se a novas idéias.

Armas e mortes estão longe de ser a solução. Por mais utópica que seja o diálogo efetivo – que ultrapasse discursos vazios – é necessário para se dar um basta no que parece sem fim.


Já que o “mundo” pede paz, porque não darmos nossa contribuição? De que maneira? Com o mínimo que seja. Que tal apelos e petições em redes sociais? Ou divulgando e conversando sobre o assunto com conhecidos? Quem sabe escrevendo sobre a guerra? Fantasioso isso ser eficaz, não? Mas quem sabe? Se fizermos uma pequena diferença, salvar ao menos uma vida será alguma coisa.


A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Prefiro deixar-me assassinar a participar dessa ignomínia

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