segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Chafurdando a cultura midiática brasileira

Difícil dizer, como em tão pouco tempo nossa cultura se perdeu, e o que levou a essa torrente desastrosa de entretenimento chulo. Qual fora o ponto em que o obsceno e o ridículo, tomaram espaço do crítico e poético. Em um período irrisório, mudamos do “Já me acostumei com a tua voz. Com teu rosto e teu olhar. Me partiram em dois. E procuro agora o que é minha metade. Quando não estás aqui. Sinto falta de mim mesmo. E sinto falta do meu corpo junto ao teu”, para o desastroso, tosco, pecaminoso “Cola a bunda no chão vai, cola a bunda no chão vai, cola a bunda no chão vai”.

Com certeza a música sempre esteve na vanguarda determinante de uma cultura, ditando modas e tendências. Entretanto as alterações culturais tiveram bruscas mudanças em vários setores do entretenimento. Programas que antes eram voltados para a família, com conteúdo apropriado e respeitoso, onde todos os membros com suas idades variadas poderiam assimilar as informações transmitidas, deram espaço ao apelativo e nada criativo.

Programas de auditório e voltado ao público infantil, propagandas e séries, de repente tudo ficou mudado, o criativo, cômico, ganhou conotações inapropriadas, com fortes tendências sexuais e de violência. Novelas que antes refletiam situações amorosas e dramáticas, agora falam de discórdias, busca incessante por poder, incitam o ódio, a exploração dos menos favorecidos e violam todos os princípios familiares.

E o pior é que muitas vezes não percebemos o quanto somos influenciados por essas tendências populares. Casamentos atualmente são desfeitos mais rapidamente do que o tempo utilizado no preparo da festa matrimonial. Crianças são tratadas como adultas, usando maquiagem, vestidos curtos, explorando a integridade do próprio corpo, rebolando em músicas com características sedutoras, enquanto adultos acham isso normal e bonito.

E a lista do desastre cultural é grande. Já passamos por segura o tchan, ralando na boquinha da garrafa, dança da vassoura, prova da banheira, onde pessoas pegavam sabonetes dentro d’água, propositalmente mostrando corpos seminus em biquínis e sungas minúsculas, em busca de vencer a concorrência na disputa por audiência.

O que dizer então da depravação intelectual dos chamados realities shows, que de reais não possuem nada. Joguetes pífios de intrigas e tramas montados pela produção, repetidos por famosos imediatistas sem talento algum e que usam de seus músculos torneados e silicones avantajados para atrair a atenção do telespectador.

Inevitavelmente partimos para o pior possível. As pessoas estão condicionadas através da mídia a ostentarem a baderna e deixar de lado o essencial. O senso crítico por mudanças e atitudes necessárias, discutido em tempos passados, hoje é banalizado por farras, regadas a dinheiro, bens materiais, mulheres, drogas, álcool, sexo e tudo aquilo que realizado sem a devida responsabilidade, criam resultados indesejados, e o que é pior, gera uma reação em cadeia.

Pensando sobre esse assunto, chego à conclusão que Charles Darwin estava errado, pois de maneira alguma podemos considerar esse cenário como evolução.


Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus.

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