segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Eu morro, tu morres, todos morreremos

Para morrer, basta estar vivo, já diziam. Ou então, é a única certeza da vida, proferiam outros. O encerramento de um ciclo aos quais todos, sem exceção, passaremos. A morte pede passagem, só não avisa quando. Precocemente ou progressivamente, uma hora ou outra ela traz o fim.


Triste isso, não? Por essa ótica sim. Aquela pessoa querida e amada parte e sabemos que nunca mais voltará. Deixará um vazio no ambiente, na rotina, na companhia, nos sentimentos. Uma trajetória que influenciou outras vidas, marcou presença, deixou legado, parte e apenas lembranças é o que restam.

Alguns sonham com a imortalidade. São tão presos às suas realidades e rotinas que custam a aceitar o fato de que um dia deixarão de existir. Provavelmente o medo esteja vinculado a isso. Medo de sofrimento pré-morte ou a preocupação de deixarem pessoas queridas e indefesas.

E do outro lado? O que nos aguarda? Ninguém nunca voltou pra contar. Fato fisicamente impossível, espiritualmente discutível. Uns acreditam que podemos reencarnar e ter a chance de uma nova vida, com novas experiências, aprendizados e paixões. Outros crêem que este é o momento de acerto de contas com Deus, onde os dignos terão a felicidade eterna no paraíso e os levianos serão castigados e passarão por terrível sofrimento para sempre. Conceito intrigante. E ainda há aqueles que não acreditam em nada e que depois da morte, é fim de jogo.

A morte pode ser lucrativa, prazerosa e até engraçada. Antigos romanos se deleitavam enquanto escravos se enfrentavam em arenas. Sangue e risadas à vontade. Piadas sobre morte amenizam o arrepio sobre o assunto e trazem gargalhadas. Não é senhor Omar?


E quando ambos são misturados, invadem o imaginário e ganham conotações bizarras. São os mortos vivos comedores de gente atraindo milhares de fãs ao redor do globo, que se imaginam encurralados entre um bando de criaturas medonhas e despedaçadas.


O comum é não refletirmos sobre o assunto, senão a paranóia corrói os pensamentos. A razão é deixada de lado. Como escapar de um destino certo? Do fim de um processo longínquo, construído com sacrifício e partir para... Vai se saber o que?

O que pensar então da mais terrível das mortes, a que tira o próprio direito de prosseguir? Uma decisão que independente da situação que se apresente, é precipitada e mostra a falta de esperança, o egoísmo e ausência de vontade, de superar as turbulências. O suicídio é o pior dos crimes. Tirar a própria vida indica a abdicação da maior dádiva dos seres humanos – o direito à vida.

E a morte preferida e desejada por todos? Ah sim! Nada como morrer velhinho em uma cama aconchegante, sem sofrimento, sem dores, sem lágrimas. Alcançar este mérito não é para todos. Difícil imaginar quais são os critérios da vida.

A morte é conseqüência da vida, e já que ela é certa, tenhamos uma boa vida. Não pedimos para nascer, nem escolhemos como morrer, então aproveitemos o intervalo entre ambos. Desejo que todos tenham uma excelente vida, e daqui a muito tempo, uma boa morte.


A vida é como uma sala de espetáculos; entra-se, vê-se e sai-se.

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