Para morrer, basta estar vivo, já diziam. Ou então, é a única
certeza da vida, proferiam outros. O encerramento de um ciclo aos quais todos,
sem exceção, passaremos. A morte pede passagem, só não avisa quando.
Precocemente ou progressivamente, uma hora ou outra ela traz o fim.
Triste isso, não? Por essa ótica sim. Aquela pessoa querida e
amada parte e sabemos que nunca mais voltará. Deixará um vazio no ambiente, na
rotina, na companhia, nos sentimentos. Uma trajetória que influenciou outras
vidas, marcou presença, deixou legado, parte e apenas lembranças é o que
restam.
Alguns sonham com a imortalidade. São tão presos às suas
realidades e rotinas que custam a aceitar o fato de que um dia deixarão de
existir. Provavelmente o medo esteja vinculado a isso. Medo de sofrimento
pré-morte ou a preocupação de deixarem pessoas queridas e indefesas.
E do outro lado? O que nos aguarda? Ninguém nunca voltou pra
contar. Fato fisicamente impossível, espiritualmente discutível. Uns acreditam
que podemos reencarnar e ter a chance de uma nova vida, com novas experiências,
aprendizados e paixões. Outros crêem que este é o momento de acerto de contas
com Deus, onde os dignos terão a felicidade eterna no paraíso e os levianos
serão castigados e passarão por terrível sofrimento para sempre. Conceito
intrigante. E ainda há aqueles que não acreditam em nada e que depois da morte,
é fim de jogo.
A morte pode ser lucrativa, prazerosa e até engraçada.
Antigos romanos se deleitavam enquanto escravos se enfrentavam em arenas.
Sangue e risadas à vontade. Piadas sobre morte amenizam o arrepio sobre o
assunto e trazem gargalhadas. Não é senhor Omar?
E quando ambos são misturados, invadem o imaginário e ganham
conotações bizarras. São os mortos vivos comedores de gente atraindo milhares
de fãs ao redor do globo, que se imaginam encurralados entre um bando de criaturas
medonhas e despedaçadas.
O comum é não refletirmos sobre o assunto, senão a paranóia
corrói os pensamentos. A razão é deixada de lado. Como escapar de um destino
certo? Do fim de um processo longínquo, construído com sacrifício e partir
para... Vai se saber o que?
O que pensar então da mais terrível das mortes, a que tira o
próprio direito de prosseguir? Uma decisão que independente da situação que se
apresente, é precipitada e mostra a falta de esperança, o egoísmo e ausência de
vontade, de superar as turbulências. O suicídio é o pior dos crimes. Tirar a
própria vida indica a abdicação da maior dádiva dos seres humanos – o direito à
vida.
E a morte preferida e desejada por todos? Ah sim! Nada como
morrer velhinho em uma cama aconchegante, sem sofrimento, sem dores, sem
lágrimas. Alcançar este mérito não é para todos. Difícil imaginar quais são os
critérios da vida.
A morte é conseqüência da vida, e já que ela é certa,
tenhamos uma boa vida. Não pedimos para nascer, nem escolhemos como morrer,
então aproveitemos o intervalo entre ambos. Desejo que todos tenham uma
excelente vida, e daqui a muito tempo, uma boa morte.
A vida é como uma sala de espetáculos; entra-se, vê-se e sai-se.
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