segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Não é a cor da pele que define, mas o caráter

Dia 12 de fevereiro de 2014, uma quarta-feira, como outra qualquer. Meio de semana, dia de futebol. Campeonato internacional – Taça Libertadores da América – torneio este tão desejado pelos clubes sul-americanos. Campeonato que credencia o time campeão a disputar o mundial interclubes no final do ano. Mérito para poucos. Pois é, com tantos ingredientes positivos, algo estragou o espetáculo. 

O lugar era a cidade de Huan Cayo no Peru, casa do time Real Garcilaso, adversário do Cruzeiro de Belo Horizonte. A disputa do jogo, o resultado, ficaram em segundo plano, após o ato hostil, estúpido e preconceituoso por parte da torcida local. Aos 18 minutos do segundo tempo, o jogador Tinga do time mineiro, entrou no lugar do meia-atacante Ricardo Goulart. As cenas que se sucederam foram vergonhosas e revoltantes.

Cada vez que o jogador cruzeirense – que é de origem afro-descendente – tocava na bola, a torcida adversária fazia em uníssono, sons que se assemelhavam aos grunhidos de macacos. A cena se repetia, cada vez que o atleta participava de alguma jogada.

Após o jogo, repercussões, comentários, promessas de punições, enfim, o que já era esperado após um episódio lamentável e grotesco como este. Sabemos que atitudes para tirarem a concentração de um atleta durante o jogo, visando prejudicar seu rendimento é comum, entretanto, uma hostilização racial, fere toda uma etnia, diminuindo o ser humano, por uma diferença pífia de pigmentação da pele.  


É incrível imaginar, que em pleno século 21, fatos como este ainda aconteçam. Já não basta a repressão sofrida pelos negros ao longo da história, regados a discriminação e falta de tratamento igualitário, ainda somos testemunhas de atitudes de preconceito contínuo, pois infelizmente, este não é um fato isolado.

Uma pena imaginar, que faz parte do cotidiano nos depararmos com episódios lamentáveis como este. Pessoas discriminando pessoas por simples diferença étnica, de costumes e tradições, por pensar e agir diferente. O mundo moderniza, ganha em informações e ainda sim, algumas barreiras mentais e comportamentais permanecem.


E o que dizer então da “discriminação branda”? – Se podemos dizer assim -. Quotas para negros e mestiços em faculdades aumentando assim a segmentação para os menos favorecidos. Essa “vantagem, ou privilégio” só faz aumentar a segregação e posterior crescimento do preconceito, como se os negros, mesmo em sua maioria com origem humilde, não fossem capazes de conquistarem por méritos próprios, em igualdades e dificuldades proporcionais aos demais.

O assunto é muito amplo, para ser discutido, e não é uma simples exposição de opinião em uma reflexão que mudará este quadro. Entretanto, cada atitude, por menor que seja, ajuda a conscientizar para esta problemática, que fere os princípios morais de outrem.

Salvando algumas diferenças irrisórias, somos todos iguais. O que deve ser analisado em cada pessoa são suas atitudes e seu caráter, isso sim, define de fato a conduta do ser humano. Respeitar nosso próximo, independente de como seja, é um dever de todos.


Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.

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