Dia 12 de fevereiro de 2014, uma quarta-feira, como outra
qualquer. Meio de semana, dia de futebol. Campeonato internacional – Taça
Libertadores da América – torneio este tão desejado pelos clubes
sul-americanos. Campeonato que credencia o time campeão a disputar o mundial interclubes
no final do ano. Mérito para poucos. Pois é, com tantos ingredientes positivos, algo estragou o
espetáculo.
O lugar era a cidade de Huan Cayo no Peru, casa do time Real
Garcilaso, adversário do Cruzeiro de Belo Horizonte. A disputa do jogo, o
resultado, ficaram em segundo plano, após o ato hostil, estúpido e
preconceituoso por parte da torcida local. Aos 18 minutos do segundo tempo, o
jogador Tinga do time mineiro, entrou no lugar do meia-atacante Ricardo
Goulart. As cenas que se sucederam foram vergonhosas e revoltantes.
Cada vez que o jogador cruzeirense – que é de origem
afro-descendente – tocava na bola, a torcida adversária fazia em uníssono, sons
que se assemelhavam aos grunhidos de macacos. A cena se repetia, cada vez que o atleta
participava de alguma jogada.
Após o jogo, repercussões, comentários, promessas de
punições, enfim, o que já era esperado após um episódio lamentável e grotesco
como este. Sabemos que atitudes para tirarem a concentração de um atleta
durante o jogo, visando prejudicar seu rendimento é comum, entretanto, uma
hostilização racial, fere toda uma etnia, diminuindo o ser humano, por uma
diferença pífia de pigmentação da pele.
É incrível imaginar, que em pleno século 21, fatos como este
ainda aconteçam. Já não basta a repressão sofrida pelos negros ao longo da
história, regados a discriminação e falta de tratamento igualitário, ainda
somos testemunhas de atitudes de preconceito contínuo, pois infelizmente, este
não é um fato isolado.
Uma pena imaginar, que faz parte do cotidiano nos depararmos
com episódios lamentáveis como este. Pessoas discriminando pessoas por simples
diferença étnica, de costumes e tradições, por pensar e agir diferente. O mundo
moderniza, ganha em informações e ainda sim, algumas barreiras mentais e
comportamentais permanecem.
E o que dizer então da “discriminação branda”? – Se podemos
dizer assim -. Quotas para negros e mestiços em faculdades aumentando assim a
segmentação para os menos favorecidos. Essa “vantagem, ou privilégio” só faz
aumentar a segregação e posterior crescimento do preconceito, como se os
negros, mesmo em sua maioria com origem humilde, não fossem capazes de
conquistarem por méritos próprios, em igualdades e dificuldades proporcionais
aos demais.
O assunto é muito amplo, para ser discutido, e não é uma
simples exposição de opinião em uma reflexão que mudará este quadro.
Entretanto, cada atitude, por menor que seja, ajuda a conscientizar para esta
problemática, que fere os princípios morais de outrem.
Salvando algumas diferenças irrisórias, somos todos iguais. O
que deve ser analisado em cada pessoa são suas atitudes e seu caráter, isso
sim, define de fato a conduta do ser humano. Respeitar nosso próximo,
independente de como seja, é um dever de todos.
Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos,
haverá guerra.
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