A selva está em êxtase, finalmente é chegada a hora. Todos
estão empolgados e se preparando com afinco. Os detalhes são minuciosamente
analisados, os critérios cuidadosamente avaliados. O tempo de espera cessa e o
entusiasmo toma conta de todos. A alegria envolve o ambiente, afinal a grande
festa chegou.
A cada quatro primaveras toda a floresta abre mão de sua
rotina e cede espaço para comemoração, ou popularmente conhecido por todos os
animais como: a grande festa. Durante este período de aproximadamente um mês ocorre
uma grande confraternização, que envolve músicas, alimentos, bebidas, competições,
extravagância e excessos.
É um período de paz, onde as desavenças são esquecidas, as
crises deixadas de lado e a harmonia impera entre os animais. Todos se reúnem
em pequenos, médios ou grandes grupos e acompanham os eventos programados. Uma
época em que o leão e a zebra compartilham fraternidade. Algumas rusgas
acontecem, mas faz parte da rivalidade. Quando as atividades diárias terminam,
todos sorriem e comemoram juntos, independente dos resultados.
Porém há um pequeno grupo que encontra-se preocupado com esta
situação. A colônia de formigas ciente do que essas grandes festividades
acarretam, não aprovam essa alienação de seus colegas florestais.
As comemorações resultam em árvores derrubadas, clareiras
abertas, erosão do solo, queimadas da vegetação e poluição dos rios. Por mais
tradicional que a festa seja, os animais não aprendem com o tempo, a
comemorarem com inteligência e preservar seu habitat. E o que é pior: uma
parcela dos piores predadores aproveita este período de “embriaguez” para explorar
os recursos existentes. Difícil impedi-los e contrariá-los, afinal, estão no
topo da cadeia alimentar.
Por mais que gritem e se exaltem as pequenas formigas não são
ouvidas. Suas advertências são ignoradas e ainda são taxadas por alguns como
“estraga prazeres”. No alto de sua
sabedoria, a grande rainha, acalma os corações contrariados de sua colônia. “Este é um período de festividade e
comemorações. É inútil tentar persuadi-los e contrariá-los. Não há o que ser
feito. Dêem tempo ao tempo”.
As pequenas formigas relutantes em assumir a derrota, são
desmotivadas aos poucos. Seus clamores não são ouvidos, seus alertas ignorados.
Este não é o momento de revolução. Perderam mais uma batalha. É hora de tirar
seu time de campo.
Com a expressão abatida elas assumem o golpe. Não que sejam
contra as festividades e diversão, isso é prazeroso e sadio a qualquer um.
Apenas desejam que as comemorações sejam mais harmoniosas e serenas. Assim
todos poderão aproveitar e ninguém sairá prejudicado.
Mas o resultado final será o esperado. Após o efeito sedativo
provocado pela grande festa passar, todos arcarão com as conseqüências. O homo sapiens, mais uma vez triunfará
divinamente, cada um correrá para seu canto como pode e os menores serão
esmagados.
Paciência! Assim é a lei da selva. Sobrevive aquele que é
mais forte.
Atenção: Essa é uma história de ficção. Qualquer semelhança
com sua realidade, especificamente a atual de seu país, é mera coincidência.
A verdade é que ser diferente incomoda,
quer ser aceito siga o padrão. Viva a Alienação.
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