segunda-feira, 23 de junho de 2014

A grande festa

A selva está em êxtase, finalmente é chegada a hora. Todos estão empolgados e se preparando com afinco. Os detalhes são minuciosamente analisados, os critérios cuidadosamente avaliados. O tempo de espera cessa e o entusiasmo toma conta de todos. A alegria envolve o ambiente, afinal a grande festa chegou.

A cada quatro primaveras toda a floresta abre mão de sua rotina e cede espaço para comemoração, ou popularmente conhecido por todos os animais como: a grande festa. Durante este período de aproximadamente um mês ocorre uma grande confraternização, que envolve músicas, alimentos, bebidas, competições, extravagância e excessos.


É um período de paz, onde as desavenças são esquecidas, as crises deixadas de lado e a harmonia impera entre os animais. Todos se reúnem em pequenos, médios ou grandes grupos e acompanham os eventos programados. Uma época em que o leão e a zebra compartilham fraternidade. Algumas rusgas acontecem, mas faz parte da rivalidade. Quando as atividades diárias terminam, todos sorriem e comemoram juntos, independente dos resultados.

Porém há um pequeno grupo que encontra-se preocupado com esta situação. A colônia de formigas ciente do que essas grandes festividades acarretam, não aprovam essa alienação de seus colegas florestais.


As comemorações resultam em árvores derrubadas, clareiras abertas, erosão do solo, queimadas da vegetação e poluição dos rios. Por mais tradicional que a festa seja, os animais não aprendem com o tempo, a comemorarem com inteligência e preservar seu habitat. E o que é pior: uma parcela dos piores predadores aproveita este período de “embriaguez” para explorar os recursos existentes. Difícil impedi-los e contrariá-los, afinal, estão no topo da cadeia alimentar.

Por mais que gritem e se exaltem as pequenas formigas não são ouvidas. Suas advertências são ignoradas e ainda são taxadas por alguns como “estraga prazeres”.  No alto de sua sabedoria, a grande rainha, acalma os corações contrariados de sua colônia. “Este é um período de festividade e comemorações. É inútil tentar persuadi-los e contrariá-los. Não há o que ser feito. Dêem tempo ao tempo”.

As pequenas formigas relutantes em assumir a derrota, são desmotivadas aos poucos. Seus clamores não são ouvidos, seus alertas ignorados. Este não é o momento de revolução. Perderam mais uma batalha. É hora de tirar seu time de campo.

Com a expressão abatida elas assumem o golpe. Não que sejam contra as festividades e diversão, isso é prazeroso e sadio a qualquer um. Apenas desejam que as comemorações sejam mais harmoniosas e serenas. Assim todos poderão aproveitar e ninguém sairá prejudicado.

Mas o resultado final será o esperado. Após o efeito sedativo provocado pela grande festa passar, todos arcarão com as conseqüências. O homo sapiens, mais uma vez triunfará divinamente, cada um correrá para seu canto como pode e os menores serão esmagados.

Paciência! Assim é a lei da selva. Sobrevive aquele que é mais forte.

Atenção: Essa é uma história de ficção. Qualquer semelhança com sua realidade, especificamente a atual de seu país, é mera coincidência.


A verdade é que ser diferente incomoda, quer ser aceito siga o padrão. Viva a Alienação.

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