Vejo, e me causa estranheza. Analiso e não consigo entender.
Tento assimilar, mas parece impossível. Quer dizer que o maior evento mundial
de Rock’n’Roll, virou isso? Onde estão as verdadeiras bandas que representam o
maior gênero musical, que sempre arrastou multidões ao longo dos anos por todo
o globo terrestre?
O Rock in Rio, foi criado no ano de 1985, como um projeto
audacioso de um empresário carioca. A cidade do Rock, como é conhecido o local
de 250 metros quadrados, fora construída em Jacarepaguá, região oeste da
capital fluminense. Na época o Brasil passava por uma reforma política desejada
há muito tempo. O fim do período indesejado da Ditadura Militar e a volta da
democracia marcavam um novo ciclo. O espetáculo do rock ratificou o idealismo
invocado há tempos. A volta da liberdade de expressão como direito de livre
manifesto engrandeceu os shows apresentados.
Sem ano definido para acontecer, o evento está em sua edição
de número 13. Grandes nomes da música internacional já abrilhantaram o público
com seus clássicos. Milhões de fãs contemplaram empolgados as apresentações de
bandas como AC/DC, Iron Maiden, Metallica, Foo Fighters, e tantos outros. Não
poderiam faltar as bandas nacionais. Marcaram presença, Barão Vermelho, Titãs, Legião
Urbana, isso para citar alguns.
O Rock in Rio, saiu de casa levando o mesmo nome para o estrangeiro.
O continente europeu fora escolhido para sediar. Rock in Rio – Lisboa, que
abraçou o evento por cinco vezes, e Rock in Rio - Madrid, com um total de três
edições. Um tanto incoerente, o evento por onde passou, levou fãs do gênero ao
êxtase, afinal, onde quer que esteja o Rock’n’Roll tem como essência a arte do
protesto e da vibração delirante, mesmo em locais de nomes conflitantes.
Porém, conforme o tempo passou, começou a ficar difícil entender
o critério utilizado para a organização dos shows. Bandas de axé,
funk e outros gêneros, começaram a invadir o Rock in Rio como se fosse uma
epidemia. A essência do evento foi jogada ao léu, enquanto modistas repentinos
dominavam o espaço reservado às bandas do gênero original.
O que parecia injusto se tornou comum por mais que houvesse
protestos por parte dos fãs. Os organizadores ignoravam os apelos por um
critério à favor tão somente do rock. Afinal, não vemos bandas roqueiras
invadindo micaretas carnavalescas.
Basta refletir um pouco para entender essa situação. O Rock
in Rio deixou de ser um espetáculo que representasse a classe do Rock, e
tornou-se uma máquina de imprimir dinheiro. Bandas de outros gêneros também
conquistam e vendem, e apoiados no discurso, sem sentido para o caso, de
inclusão, somos forçados a nos deparar com situações como essas, incoerentes,
porém reais.
Cada um pode ser crítico sobre o caso da maneira que
considerar mais propício. Porém acredito que cada coisa tem o seu devido espaço
e tempo para acontecer. Misturar é bom? Difícil dizer, mas o importante é
manter a coerência em qualquer situação que seja.
O Brasil é o País onde show de Rock não tem rock, viciado faz campanha
anti-drogas e "comediante" se ofende com piada.
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